quarta-feira, 27 de maio de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

Contaram-me a seguinte história

Estavam no escritório do advogado a tratar dos papéis do divórcio. Tudo correu de acordo com o esperado até chegar à discussão da pensão de alimentos dos dois filhos do casal.

Ele acusou-a de qualquer coisa que ela não gostou. Acusou-o de volta. Ele não se ficou. Procurou a agressão contida. O advogado teve de intervir, até que ao fim de algum tempo, acabou por confessar que dos dois filhos que tiveram, nenhum era dele.

Ao que parece, nem sequer eram os dois do mesmo pai.

Desconheço o que respondeu ele quando descobriu que andara a alimentar e amar duas crianças produzidas por outro.

O que sei é que ficou ilibado da pensão de alimentos. Alguma coisa boa havia que retirar dali.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Tive um jantar estranho no sábado

Sem dúvida.

Primeiro, o aniversariante, que sofre de um problema neurológico que lhe torna a tarefa de reconhecimento de caras particularmente difícil, não sabia quem eu era, tendo-me tomado por outra pessoa. Quando essa pessoa chegou, constatado o erro, foi dado como penetra. E por lá teria ficado se o meu nome não estivesse na lista de convidados, confirmando a minha pretensão a um.

Depois acabei sentado ao lado, senão mesmo entre, os membros da comunidade poliamor portuguesa. Acho que é esta a designação. Não sei muito sobre eles e o que fiquei a saber foi que são pelo amor livre, desde que estruturado em famílias nucleares com 3 ou mais elementos, em cada um dos elementos tem um papel definido e tarefas a condizer.

Vim-me embora quando aquilo estava a começar a descambar. Estavam lá duas mulheres, uma delas com sugestões, mas a outra estava a gostar do espanhol, que nem precisava de grande esforço, nem para lhe agradar, nem para lhe ver as mamas e eu pensei que 4 já era demais.

Gente muito dada, aquela.

Jantarinho lá em casa




quinta-feira, 14 de maio de 2009

"Ain't Got No...I've Got Life" by Nina Simone

Em Resposta à tua Carta

Estava agora a tentar responder-te.

Mas sinceramente, sinto-me sem palavras.

Trago tudo dentro de mim, como uma praga centenária, rogada a um animal selvagem. Já devias saber que quando ardo, o faço de chama intensa, imparável e irreversível, porque de nada me serve guardar, quando tenho para oferecer tudo aquilo que sou.

E contigo fui poeta, jogador e alucinado. Contigo fui do tecto do mundo à raiva muda dos vencidos.

Agora já só me lembro de não te esquecer, votando ao silêncio o que sei ser escusado verbalizar. Logo eu, que sempre precisei da força das palavras, para exprimir o sabor que a tua boca me deixou no corpo. Todos temos uma ideia daquilo que merecíamos ter, e tu, para mim, tornaste-te na personificação do próprio Amor. Ao fugires sem me dizer nada, roubaste-me isso, que só tu me podias oferecer.

Tu, que habitaste fora de mim, num espaço em que mais nada existia. O mundo onde sempre te vi, foi aquele onde o medo deu lugar à compreensão e a rotina à cumplicidade. Aqui é o lugar, é esta a altura para criarmos juntos, disse-te eu. O futuro é só uma antecipação do passado. Precisei da tua presença para viver segundo a segundo, porque quis que fosses presente e não uma memória ou um sonho. Quis seduzir-te, quis amar-te. Quis ver-te em todas as tuas faces, não para te ter, mas para te partilhar. De certo modo, para mim, foste a razão da minha luta. Perder-te, foi o mesmo que perder o rumo e o sentido.

Por isso é que quando hoje li a tua carta, senti raiva.

Ao partires, levaste contigo o meu sossego. Fazes-me falta, porque deixei que me invadisses. Ignorei que ao fazê-lo estava a dar-te o poder de me magoares. Pensei que não o irias fazer. Acreditei que jamais me iria arrepender de ter confiado em ti.

Mas agora sei que me enganei e por isso mesmo sei que prefiro não te ver mais, porque nada de novo, velho ou reciclado, tenho mais para te dar.

Tanto disse e mostrei em tempo tão pouco, que para acrescentar, nada mais ficou. Vivi tão entusiasmado em viver contigo o fim de todos os dias, que me cansei de ver os dias esgotarem-se devagar, penosamente, com o indelicado peso da privação.

Percebo agora que refugiar-me em ti, foi um gesto de prazer infrutífero, uma supressão incipiente, criada para substituir o que não tem substituição.

É ridículo viver com o resto, quando o resto é um complemento de algo que não existe mais.

E foi isso que deixou de existir: nós.

"Esquecer" by Fernando Pessoa

É preciso sempre saber quando uma etapa chega ao fim.

Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foste despedido do trabalho? Terminaste uma relação? Deixaste a casa dos pais? Partiste para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Podes passar muito tempo perguntando-te por que isso aconteceu....
Podes dizer a ti mesmo que não darás mais um passo enquanto não entenderes as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na tua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: teus pais, teus amigos, teus filhos, teus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que estás parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco.

O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que se tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando a vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não esperes que te devolvam algo, não esperes que reconheçam o teu esforço, que descubram teu génio, que entendam teu amor. Para de assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como sofreste com determinada perda: isso estará apenas envenenando-te, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceites, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diz a ti mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembra-te de que houve uma época em que podias viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na tua vida.
Fecha a porta, muda o disco, limpa a casa, sacode a poeira.

Deixa de ser quem eras, e transforma-te em quem és. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..

E lembra-te :
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.

Quase

Pior que a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

Li isto no outro dia, com a sensação de um lento suicídio de tudo o que poderia ter sido e não foi, aguardando as concretizações que possam determinar como é o resto daquilo que ainda não deixou de existir mesmo tendo desaparecido, habitando num mundo repleto de pessoas que vivem no interior das suas cabeças, como quem vive uma vida interrompida, à espera que a frieza se transforme em calor, que a cobardia se revolte em coragem, que o nada se ilumine, sem que seja necessário esforço ou exposição.

Este mundo do quase, é um mundo de pessoas que se acham com direito a tudo aquilo pelo qual nada estão dispostos a dar, senão queixarem-se do nada que não ilumina, da ausência que não inspira, da ansiedade que aflige, do vazio que amplia a solidão que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Que a paixão queima, o amor enlouquece e o desejo trai, isso já se sabe. O egoísmo é acima de tudo uma fraqueza. Não moral, mas porque justifica com uma vitimização imberbe, algo que não passa de medo do desconhecido.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"Magic Wave", by Reuben Margolin

United Visual Artists - U.V.A.



VOLUME



Londres, 2006, no Victoria and Albert Museum.
Música - "The Evpatoria Report" -Eighteen Robins Road.



ARRAY


Japão, 2008, Yamaguchi Center for Arts And Media
Música - "The Evpatoria Report" -Eighteen Robins Road.



CONSTELATTION


Covent Garden, 2008
Música - "The Evpatoria Report" -Eighteen Robins Road.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

The End

- Os teus elogios deprimem-me.

A isto não há como dar a volta.

Por isso mesmo, rapei o cabelo, rebentei comigo na 6ª feira e renasci um homem novo, certo do que há a fazer.

Não adianta refilar. Ou se age ou se esquece. E eu já não tenho mais nada para agir.

Nunca tinha percebido o como ela era mimada, cruel, ingrata, vaidosa, vingativa e pouco habituada a não ter o que quer.
Tivesse eu sabido isso e teria-me privado de dar, porque pessoas assim nunca respeitam o que recebem, porque como estão habituadas a ter, não dão valor ao acto.

Enfim. Pelo menos conseguiu expressar-se de forma inequívoca.

Anish Kappor - Cloud Gate



Filmei isto em Chicago, 2006.

Nascimento da Ilha

Quando comecei a trabalhar, a minha primeira dupla criativa da vida, tinha uma expressão para os meus momentos de evasão.

- Já vi que hoje estás na ilha.

É dessa expressão que vem o nome do blog. Ele é a expressão dessa insularidade.